Ciúmes entre irmãos
Ciúmes de irmão mais velho: Como lidar?
Artigo OriginalDependendo da idade, a reação da criança será diferente, mas o motivo é o mesmo: a perda do posto de exclusividade diante dos pais
A chegada do segundo filho é um momento mágico para toda família, inclusive para o primogênito. Por mais novo que seja, ele também vai compartilhar (e externar!) a ansiedade de ganhar um irmãozinho ou irmãzinha dali a alguns meses.
A expectativa de ter em breve uma companhia para brincar 24 horas por dia se alterna com o bom e velho ciúme, por ter que começar, já durante a gravidez, a dividir pai e mãe.
“Esse sentimento é natural. Afinal, para a criança, que até então recebia toda a atenção dos pais, a vinda de outra rompe a exclusividade. O ciúme é alicerçado por questões de perdas, pois ela possui a fantasia de que vai perder os pais para o irmão. Para se defender, cria certas situações”, explica Breno Rosostolato, psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo.
É claro que aprender a dividir será um aprendizado importante para toda a vida, mas é fundamental que o filho mais velho seja acompanhado de perto durante esse período, principalmente crianças entre 3 a 6 anos.
“Nessa idade, elas já se manifestam verbalmente, mas não estão preparadas para compreender e tolerar as novidades. O mundo delas ainda gira bastante em torno dos pais e é comum que se tornem inseguras e manhosas. Pode até acontecer de voltarem a querer mamadeira ou a fazer xixi na cama”, afirma a psicóloga Maria Eduarda Vasselai.
Essa fase não será das mais fáceis, mas é fundamental que os pais tenham calma e encarem as demonstrações do filho mais velho de forma leve e natural. Conversar sempre com o pequeno sobre o que está acontecendo, envolvê-lo na escolha do enxoval do futuro irmãozinho e, depois do parto, convidá-lo a ajudar nos cuidados do bebê são boas dicas que vão fazê-lo se sentir incluído e reconhecido em seu novo papel de mais velho.
Para ajudar nesse processo, confira as reações mais comuns por faixa etária das crianças que vão ganhar um irmãozinho ou irmãzinha em breve:
Menores de 3 anos
Elas ainda não conseguem dar nome a esse estranho sentimento de abandono, que acaba manifestado por meio de choro e birra. “É importante que os pais conversem sempre sobre o bebê que está na barriga, indicando que ele será o companheiro do filho mais velho”, aconselha Maria Eduarda.
Vale sempre reforçar que o bebê é pequeno e frágil e precisará muito da ajuda do irmão mais velho, aproximando-os irmãos. “Incentive o maior a tocar, pegar no colo e fazer carinho no irmãozinho”, acrescenta a especialista.
De 3 a 6 anos
É uma das fases mais críticas, quando começa e se intensifica a fase dos “porquês” já que a criança começa a fazer associações, reconhece o outro e inicia as primeiras identificações.
Nesse período, o pequeno é invadido por fantasias, emoções e sensações de ameaça. Também é comum que, para chamar a atenção, “regrida” em alguns comportamentos, voltando a usar chupeta e mamadeira e até perdendo o controle do xixi e do cocô.
A dica aqui é encarar os comportamentos dele com naturalidade e conversar bastante sobre o bebê, explicando que o irmão precisará da ajuda dele para crescer e será seu amiguinho para a vida inteira.
Envolver o filho mais velho em pequenas tarefas no cuidado do nenê também ajuda a desenvolver o senso de responsabilidade e fazer o primogênito se sentir importante e reconhecido.
De 6 a 10 anos
Não é porque eles são mais velhos e entendem bem o que está acontecendo, que não vão sentir a chegada do bebê. É fundamental que tenham espaço para se expressar se sintam acolhidos.
“Em situações conflituosas e momentos mais tensos, procure dar espaço para que a criança se expresse livremente, dando condições para que fale sobre seus medos”, aconselha Breno.
É importante os pais demonstrarem o mesmo amor e carinho ao filho mais velho, dizendo isso diretamente a ele, sem exageros ou excessos.
“Mas não se culpem por estarem dando mais atenção ao caçula, afinal, são inúmeras trocas de fralda, amamentação e banhos. Para conciliar os cuidados entre recém-nascido e mais velho, aproveite os intervalos para conversar com o primogênito e reforçar que eles serão muito amigos e companheiros”, conclui Breno.
Bebê a caminho: Dicas para lidar com o conflito do irmão mais velho
*Breno Rosostolato é professor de psicologia da Faculdade Santa Marcelina.Ele fica só de olho. Só observa e percebe que algo está diferente. A barriga da mamãe está crescendo, ou seja, prenúncio de que algo vai acontecer.
É natural muitas crianças sentirem-se enciumadas com o surgimento de um irmãozinho. Afinal, para a criança, que até então recebia toda a atenção dos pais, a vinda de outra rompe a exclusividade. O ciúme é alicerçado por questões de perdas, pois a criança possui a fantasia de que vai perder os pais para o irmão, portanto, outro sentimento é despertado: a rivalidade. O irmão mais velho sente-se inseguro e amedrontado com a possibilidade de perder terreno para aquele que está vindo. Para se defender, cria situações para manter e reter o amor dos pais.
A criança nesse período é invadida por fantasias, emoções e sensações de ameaça, levando-a a reações agressivas e comportamentos regressivos, como o descontrole do xixi e do cocô, birras, retorno ao uso da chupeta ou da mamadeira e desobediência. Tudo para chamar a atenção dos pais. Essas manifestações são consequência do bebê que está na barriga da mãe e denunciam o sofrimento da angústia vivida pela criança. O sentimento de abandono a domina, pois ela não tem recursos internos para lidar com essas sensações. Diante disso, os pais serão os interlocutores entre o filho e o irmãozinho que se anuncia. Paciência, acolhimento e muita conversa serão fundamentais para diminuir a dor da criança e facilitar sua adaptação e aceitação ao bebê.
É muito importante a mãe conversar sobre o bebê que está na barriga, indicando que ele é o irmão e será o companheiro do filho mais velho. Ao dizer que o bebê é pequeno, demonstre que ele é frágil e que, por isso, ela precisará muito da ajuda do filho mais velho até que este bebê cresça. A mãe deve aproximar os irmãos. Incentive-o a tocar, pegar no colo e fazer carinho no irmãozinho. É aconselhável que a mãe permita a participação do filho mais velho nos cuidados do irmão, ajudando com pequenas tarefas e parabenizando-o pela atitude. Dessa forma, a criança irá sentir-se mais valorizada, além de se desenvolver emocionalmente, internalizando conceitos de colaboração e cuidados.
Demonstre o mesmo amor e carinho ao filho mais velho, dizendo isso diretamente a ele, sem exageros ou excessos. As mães não devem culpar-se por dar mais atenção ao caçula. Afinal, são inúmeras trocas de fralda, amamentação e banhos. Para conciliar os cuidados necessários ao recém-nascido e o filho mais velho, aproveite os intervalos e converse com a criança, enaltecendo que eles serão muito amigos e companheiros. Salientar o convívio harmonioso entre os dois irmãos fará com que o mais velho fique cada vez mais propenso a receber em sua vida o irmão. Em situações conflituosas e momentos mais tensos, procure dar espaço para que a criança se expresse livremente, dando condições para que ela fale sobre seus medos. Acolha sempre a angústia do filho e procure apoiá-lo.
A chegada de um filho muda a rotina da família e com a vinda do segundo, a rotina que foi adaptada numa primeira situação sofrerá uma nova mudança, principalmente no que diz a respeito ao filho mais velho. Mudança de quarto, o início na escolinha, tudo isso irá afetá-lo. Para minimizar estes efeitos aconselha-se aos pais se planejarem com antecedência. Antever estas adaptações ajudará a criança na transição do desenvolvimento pessoal e na relação dela com o irmão caçula.
A chegada do irmãozinho deve ser uma etapa de transformações saudáveis e construtivas para o mais velho. É o convívio que contribuirá para que ele reconheça o outro e se socialize. O crescimento afetivo e cognitivo passa pela aceitação do outro e das diferenças, sem apoiar-se na inveja ou rivalidade.
*Breno Rosostolato é professor de psicologia da Faculdade Santa Marcelina.
Meu filho tem ciúmes do irmão mais novo, e agora?
Em questão de dias, a alegria de ganhar um irmão pode se transformar em ciúmes.
Artigo OriginalSem dúvidas, a chegada de um bebê transforma a rotina da casa e a dinâmica do lar. Por exigir um cuidado e uma atenção extras, o filho mais novo torna-se a principal preocupação dos pais, especialmente nos primeiros dias. De uma hora para a outra, toda a atenção que o irmão mais velho tinha fica concentrada ou dividida para o novo integrante da família. Assim, surge o inevitável ciúme.
Esse sentimento pode ser explicado como uma reação da criança que julga ter perdido parte do amor dos pais. “O primogênito experimenta sentimentos de perda quando percebe que vai ter que ceder espaço para o novo bebê e que agora precisa compartilhar o amor e a atenção de seus pais”, explica a psicopedagoga Monica Pessanha.
Assim, o filho mais velho procura formas de voltar a ter a atenção exclusiva dos pais, usando até mesmo comportamentos infantilizados. Um exemplo é a criança pedir auxílio dos pais para comer, sendo que ela já sabia comer sozinha. Outro sinal pode ser uma acentuação das birras ou uma volta repentina a essa fase.
A neuropediatra Karina Weinmann lembra que não existe uma regra para os comportamentos. “A forma de manifestar esse ciúme pode variar de criança para criança. Depende de como os pais preparam a criança para esse novo cenário”, explica. É importante que a família saiba contornar a situação.
Para isso, vamos partir da ideia de que o ciúme é completamente normal e, para lidar com ele, é necessário ter muita paciência e tranquilidade. Esse é um momento para o filho mais velho se adaptar e fazer os ajustes internos diante do novo cenário da família. Os pais podem ajudar nesse sentido, fazendo com que ele pense conscientemente sobre o ciúme e supere esse sentimento.
Como lidar com os ciúmes?
O diálogo é uma forma de resolver quase todos os problemas de relacionamento e, no caso do ciúme do primogênito, isso não é diferente. Então façam com que a criança mais velha se sinta encorajada para falar sobre tudo o que ela sentir em relação ao irmão mais novo. “Estas são emoções normais e é melhor que a criança não as guarde para si. É importante que os pais não punam ou ignorem esses comportamentos”, alerta Mônica.
Além disso, mostrem o amor incondicional que sentem pelos seus filhos sempre. O objetivo é que a criança mais velha entenda que há amor suficiente para os dois. Vale também revisitar fotos e vídeos do primogênito quando bebê, relembrando todo o amor e carinho que vocês deram e continuam dando a ele.
Outra parte importante é demonstrar que as regras da casa serão as mesmas tanto para o mais velho quanto para o mais novo. Isso certamente vai tranquilizar o ambiente e a relação entre os irmãos.
E o mais importante: faça com que o amor do primogênito pelo irmão mais novo seja nutrido. Sempre coloque os dois em contato, seja brincando ou mesmo entregando pequenas responsabilidades para o irmão mais velho, como dar mamadeira. Ter um irmão é uma das formas de compreender as necessidades das outras pessoas e, assim, expandir nossa capacidade de amar. Não deixe de trabalhar essa ideia, na prática, com os seus filhos!
Ciúme de irmão: 10 maneiras de lidar com essa situação
O ciúme do irmão mais novo pode acontecer em todas as idades, mas quando a criança tem de 2 a 3 anos, pode ser ainda mais complicado: o mundo dela ainda gira bastante em torno dos pais. É comum que se torne insegura, manhosa. Pode até acontecer de ela voltar a querer mamar ou a fazer xixi na cama, como um bebê.
Se o problema é disputar atenção, como lidar com o ciúme? "O essencial é mostrar para a criança que ela continua importante", diz a psicóloga Fernanda Carioni. O trabalho pode começar antes mesmo de o irmão nascer. Peça ajuda para escolher o enxoval, os brinquedos novos, incentive a criança a conversar com a barriga.
Aqui, 10 dicas para lidar com o ciúme de irmãos aí na sua casa:
- 1. Jamais faça comparações entre eles. Os filhos são sempre muito diferentes um do outro. Que bom!
- 2. Incentive a admiração mútua, elogiando os pontos fortes de cada um.
- 3. O jeito que você gosta de cada filho tem a ver com afinidade, e isso é completamente normal. Mas não demonstre preferência.
- 4. Não se descuide do filho mais quieto, aquele que não pede afeto. Ele também precisa de você.
- 5. Às vezes, passe um tempo com cada filho separadamente, para dar atenção exclusiva.
- 6. Identifique as situações de ciúme e procure intervir antes que vire uma nova briga.
- 7. Reforce, sempre, que a amizade entre os irmãos é única. Conte sobre seus irmãos, se for o caso, e mostre exemplos em outras famílias.
- 8. Se o ciúme os deixar agressivos, tente canalizar essa raiva para atividades artísticas. Use argila, tinta, massinha, recortes...
- 9. Crie situações para que eles trabalhem em equipe, como em jogos e brincadeiras.
- 10. Não se desespere com as brigas. Elas são normais e fazem parte do desenvolvimento.