Convulsão Febril

A convulsão febril é um evento aterrorizante para a família. Classicamente, a criança perde a consciência, se debate e fica com os lábios arroxeados, deixando muitos pais em pânico. Mesmo após a resolução do quadro muitas famílias ainda ficam angustiadas, com medo que a crise se repita e acabam abusando de antitérmicos ou levando a criança desnecessariamente a emergência.

Porém, ao contrário do que parece, a crise convulsiva febril é um evento benigno e não deixa nenhuma sequela. Com o objetivo de tranquilizar e esclarecer as principais dúvidas dos pais segue uma lista com mitos e verdades sobre a convulsão febril.

A convulsão febril pode ocorrer em crianças de qualquer idade. MITO

As convulsões febris ocorrem em crianças com idade entre 6 meses e 5 anos (atingindo entre 2 a 5% das crianças nessa faixa etária). Crises convulsivas ocorridas fora dessa faixa etária, mesmo que em vigência de febre, devem ser investigadas para outras causas, por um neurologista infantil.

Qualquer pessoa pode ter uma convulsão febril. MITO

Praticamente todas as crianças apresentarão febre várias vezes durante a infância, porém, só 5% delas terão convulsão febril. Fatores genéticos contribuem para isso, ou seja, o risco é maior nas crianças com história de convulsão febril na família.

As convulsões febris atrapalham o desenvolvimento da criança. A criança pode parar de respirar e morrer durante uma convulsão febril. MITO

A grande maioria das convulsões febris são autolimitadas e tem duração de até 5 minutos. Quando ela cessa a criança dorme por um período e acorda espontaneamente, sem apresentar nenhuma sequela. Não existe relato de morte durante uma convulsão febril.

A criança que apresenta uma convulsão febril poderá ter outras no futuro. VERDADE

Um terço das crianças que apresentarem uma convulsão febril terão outra no futuro, sendo que em 90% dos casos ela recorre nos dois primeiros anos após a primeira. É impossível prever se o seu filho terá ou não uma nova crise no futuro, entretanto, sabe-se que crianças menores de 1 ano, com história de crise convulsiva na família ou que apresentaram a crise menos de 1h após o início da febre, tem uma chance maior de recorrência.

Para prevenir uma nova crise é importante não deixar a febre subir. Ou, em crianças que já tiveram crise febril é importante dar antitérmico logo que a temperatura subir um pouco. MITO

Esse é um dos mitos mais difundidos e que gera muita angústia nos pais, que passam a ter medo da febre e querem combate-la a qualquer custo, muitas vezes abusando de medicamentos ou levando a criança repetidamente a emergência, por não conseguir reverter a febre em casa. Estudos mostram que o uso precoce e regular de antitérmicos, como dipirona, paracetamol ou ibuprofeno, NÃO diminuem a chance de uma nova crise convulsiva e deve ser desencorajado. A febre na crianças com história de crise febril deve ser tratada como em qualquer outra criança.

A criança com crise febril tem maior risco de desenvolver epilepsia. VERDADE

A incidência de epilepsia na população geral é de 0,5 a 1% e nas crianças que apresentaram crise convulsiva febril é de 2%. Ou seja, apesar de maior, continua muito baixo. O risco é maior em crianças com atraso no desenvolvimento ou com história familiar de epilepsia. Como já foi dito, a maior parte das crianças não apresentará nenhum problema no futuro.

Como agir durante a crise? A maior parte das crises cessa espontaneamente. É importante manter a criança de lado e colocar algo macio sob a sua cabeça para que não se machuque. Não se deve tentar conter os seus movimentos nem introduzir nada dentro da boca, essas medidas não fazem com que a crise acabe e ainda podem ferir a criança. Em seguida, leve a criança a uma emergência.

Na maior parte dos casos não é necessário usar nenhuma medicação para prevenir novas crises, já que o quadro é benigno e toda medicação tem efeitos colaterais. Em casos raros, quando as crises são muito frequentes (mais de 3 crises em 6 meses ou mais de 4 em 1 ano) ou quando a criança apresenta uma crise sem febre pode ser necessário realizar um tratamento específico sob a prescrição de um neuropediatra.