Cosméticos na Adolescência

O que é cosmiatria?

Cosmiatria é a área da dermatologia dedicada ao tratamento e prevenção de alterações estéticas da pele. É a ciência médica que estuda e trata a beleza humana de maneira embasada, responsável e ética

Estrias

As estrias são lesões atróficas lineares causadas pelo estiramento excessivo da derme, que é formada por uma rede de fibras de colágeno e elastina; quando ela sofre tração maior do que o coeficiente de elasticidade, se rompe deixando em sua superfície uma epiderme atrófica.

Etiopatogenia

As estrias se formam em condições de hiperextensibilidade da pele, como aumento de peso, hipertrofia muscular, gravidez, estirão de crescimento na adolescência, uso de corticosteróides tãpicos principalmente fluorados, uso de corticóides sistêmicos. Na gravidez e na síndrome de Cushing, o desenvolvimento das estrias está relacionado à atividade adrenocortical. Relata-se também o aparecimento de estrias na terapia antiretroviral, no tratamento da AIDS, pelo indinavir (um inibidor da protease).

Nos meninos, as estrias decorrentes do estirão de crescimento aparecem na região lombossacral e coxas; nas meninas, principalmente nas mamas, coxas e nos glúteos. Na gravidez, acometem principalmente baixo ventre, mamas e flancos.

As estrias que aparecem após terapia sistêmica com corticosteróides são mais largas e amplamente distribuídas, podendo acometer inclusive a face. As estrias induzidas pelo uso de corticóides tãpicos (ou pelo uso de corticóides sob oclusão) acometem, principalmente, áreas flexurais.
O aparecimento da estria se dá contra a linha de tração. Na adolescência, o crescimento vertical poderá gerar estrias longitudinais. As estrias no sentido horizontal ocorrem por aumento de volume. Dessa maneira, é possível identificar a causa de seu aparecimento.

As estrias apresentam caráter evolutivo: inicialmente, são lesões eritematosas que se tornam lesões eritemato-violáceas, ambas denominadas de estrias recentes. Evoluem para lesões branco-nacaradas sendo classificadas como estrias antigas.

O diagnóstico é essencialmente clínico.

Prevenção

Alguns cuidados podem ser tomados para tentar evitar o aparecimento de estrias, como:
� Manter a pele bem hidratada, para manter a sua elasticidade.
� Manter uma alimentação rica em proteínas e vitamina E, que ajudam na formação de colágeno, mantendo a elasticidade da pele, e rica em vitamina C, que favorece a microcirculação.
� Manter o peso sob controle.

Tratamento

As estrias recentes, eritematosas ou róseas e as eritemato-violáceas, são as que melhor respondem aos tratamentos cosmiátricos. Já as estrias brancas apresentam uma resposta pobre ao tratamento.
A descoberta do poder reconstrutor da pele é o alicerce dos métodos atuais de tratamento para as estrias. O resultado do tratamento depende da capacidade da pele de cada indivíduo em reconstruir as fibras de colágeno e elastina.
Entre os métodos mais utilizados no tratamento estão: o uso de ácido retinóico tãpico estimulando a neocolagênese; uso tãpico de silícios orgânicos, os silanóis, que têm ação citoestimulante sobre os fibroblastos; a mesoterapia, a microdermoabrasão, a subcision e, ainda, 585nm pulsed dye laser.

Celulite

Celulite é o termo mais usado para lipodistrofia ginóide, problema que atinge exclusivamente o sexo feminino. Cerca de 95% das mulheres a manifestam em alguma fase da vida.

Etiopatologia

Os adipócitos estão na hipoderme e entre eles há traves fibrosas conectando-os � superfície, formando uma estrutura semelhante a um colchão de molas. Quando os adipócitos aumentam de volume, essas pontes fibrosas repuxam a pele para baixo, dando o aspecto de "casca de laranja" característico da celulite. Associado a isso há também um deficit no sistema circulatãrio, tanto venoso como linfático, em que as válvulas do sistema venoso superficial não são competentes, levando a um edema intersticial e causando uma modificação na textura do tecido subcutâneo, com aumento de volume dos adipócitos. Uma das causas para a incompetência parcial dessas válvulas seria a progesterona que leva à dilatação dessas veias, dificultando o retorno venoso. Portanto, os problemas que levam à formação de varizes e micro varizes também provocam o aparecimento da celulite.
Sendo assim, percebe-se que a celulite é um problema multifatorial e, portanto, de difícil controle.

Pode estar associada a:
� Hereditariedade.
� Gravidez: não só pelo aumento de progesterona, mas também pela pressão que o útero exerce sobre as veias, dificultando o retorno venoso.
� Postura: indivíduos que passam muitas horas do dia na mesma posição.
� Obesidade: pelo aumento no volume dos adipócitos, tracionando mais as traves fibrosas, associado à dificuldade circulatãria que a obesidade ocasiona.
� Tabagismo: altera a integridade vascular e a oxigenação dos tecidos.
� Erros alimentares: pelo consumo exagerado de gordura, carboidratos e sal que leva à retenção hídrica.   

Graus da Celulite

� Grau 1: as depressões são observadas após contração muscular.
� Grau 2: as depressões são notadas pelo tato.
� Grau 3: os nódulos são bastante perceptíveis e têm consistência endurecida, demonstrando que já houve formação de fibrose. Pode haver dor local.

Prevenção

�   Evitar os abusos alimentares.
�   Evitar o sedentarismo.
�   Evitar roupas apertadas, principalmente as lingeries, pois os elásticos funcionam como garrote dificultando a circulação local.
�   Beber bastante água.
�   Evitar ficar muito tempo na mesma posição

Tratamento

A celulite não tem cura definitiva, mas pode ser controlada. Pode melhorar quando o tratamento inclui mudanças dos hábitos de vida e de alimentação, com resultados mais duradouros.

Tratamentos Médicos

Subcisão (Subcision)
Esta técnica consiste na introdução de uma agulha que rompe as traves fibrosas, desfazendo os nódulos e o repuxamento da pele. Além de liberar a pele, o hematoma decorrente do procedimento leva à formação de tecido colágeno, que também ajuda a elevar a pele. É o único tratamento reconhecido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Mesoterapia

Injeção intradérmica de substâncias capazes de melhorar a circulação local, reduzir o edema intersticial e promover a redistribuição de fibras colágenas.

Tratamentos Estéticos

Eletrolipoforese, drenagem linfática, endermologia. A resposta aos tratamentos é muito variável, dependendo, sobretudo, da resposta individual do paciente e do grau de celulite.

Fotoproteção

A importância da fotoproteção aumenta à medida que são descobertos os efeitos da radiação ultravioleta (UVR) sobre a saúde. Ela é composta pela UVA (320 a 400nm), UVB (290 a 320nm) e UVC que não atinge a superfície terrestre.

A UVA possui intensidade constante durante o ano todo sendo ligeiramente maior entre 10 e 16h, tem ação sobre a derme, causando fotoalergia e fotoenvelhecimento. É a radiação das câmaras de bronzeamento artificial.

A incidência da UVB aumenta muito durante o verão, principalmente nos horários entre 10 e 16h, tem ação superficial na pele e é responsável pela queimadura solar e catarata. Também é responsável pela conversão, na epiderme, da 7-desidrocolesterol em pré- vitamina D3.

A UVR na pele causa diminuição da capacidade de apresentação de antígenos pelas células de Langerhans, levando a imunossupressão local. Pode causar também mutação do gene de supressão tumoral p53, predispondo ao câncer da pele.

Além disso, 70% das lesões por fotoenvelhecimento são causadas pela ação acumulativa do sol ao longo da vida.

Mais da metade da exposição a UVR ocorre entre a infância e a adolescência devido a maior oportunidade e tempo para exposição solar, seja nas atividades escolares ou recreativas; portanto, as medidas de prevenção ao câncer de pele devem começar nessa idade. Pessoas com histãria de queimadura solar com formação de bolhas durante a infância e a adolescência têm 2 vezes mais chances de desenvolver melanomas do que aquele indivíduo que nunca sofreu queimadura solar. É por isso que se incentiva a fotoproteção desde cedo.

A prática de proteção solar, nos primeiros 18 anos de vida diminui em 85% o risco de desenvolvimento do câncer da pele na idade adulta.

Os cuidados durante a exposição solar não se limitam ao uso de fotoprotetores, mas também ao uso de camisetas, chapéus, barracas de praia, óculos de sol, etc.

Os filtros solares podem ser físicos, refletindo a luz solar, ou químicos, que absorvem os raios ultravioletas.

A inscrição FPS, fator de proteção solar, indica a proteção contra a radiação UVB. Ainda não há padronização adequada que quantifique a proteção contra UVA pelos fotoprotetores. O fator mínimo para uma fotoproteção adequada é FPS 15, devendo ser aplicado 20 a 30min antes da exposição solar ou mergulho e a reaplicação deverá ocorrer a cada 2 a 3h.

Qual é o Filtro Solar Ideal na Adolescência?

Deve-se dar preferência aos que possuam veículos não comedogênicos e oil free, para que não favoreçam e/ou agravem o aparecimento da acne, e de preferência hipoalergênicos, evitando as dermatites de contato, mais comum pelo emprego do PABA, hoje em desuso.

O uso de protetor solar não significa que a pele está totalmente imune à ação deletéria do sol; muito se discute se o advento dos fotoprotetores não levaria ao aumento do câncer da pele, já que as pessoas ficam mais tempo expostas à UVR sem se queimar. De qualquer forma, a melhor maneira de evitar o câncer da pele ainda é a fotoproteção; por isso deve- se incentivar seu uso desde a infância, para que na adolescência esse hábito já esteja incorporado à rotina do jovem - afinal o melhor tratamento ainda é a prevenção.

Bronzeamento Artificial

As câmaras de bronzeamento artificial são emissoras de radiação UVA; por isso, não há eritema após a exposição. Porém, essa radiação tem ação principalmente dérmica, sendo a responsável pelo fotoenvelhecimento e predispondo a pele �s degenerações e ao surgimento do câncer.
A pele não fica eritematosa após as sessões, porque o responsável pela vermelhidão da pele é a fração B da radiação ultravioleta (UVB), principal agente causador do câncer da pele. No entanto, isso não significa que ela não esteja sendo danificada; esse dano só irá aparecer após alguns anos.
Como a UVA geralmente não queima a pele, ela representa um perigo silencioso;

No Brasil, as normas de utilização das câmaras de bronzeamento artificial foram determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, estabelecendo a obrigatoriedade da avaliação médica prévia e determinam que não deverá ser autorizada a prática de bronzeamento artificial �queles pacientes que se enquadrarem em uma ou mais das seguintes situações de risco para desenvolver câncer de pele:
�   Histãria familiar e/ou pessoal de câncer de pele.
�   Sofreu queimadura solar e/ou têm sardas na face ou ombros.
�   Nevos melanocíticos múltiplos.
�   Pele clara que não se bronzeia na praia ou piscina.
�   Pessoas com doenças auto-imunes.
�   Mulheres grávidas.
�   Uso de medicamentos fotossensibilizantes.

A autorização médica para realizar o bronzeamento terá validade de 60 dias. Os pacientes deverão assinar termo de consentimento declarando estar cientes dos principais riscos (envelhecimento precoce e câncer de pele). Os pacientes menores de 18 anos deverão ter autorização de um dos pais ou de um responsável legal para se submeterem ao bronzeamento artificial.

Uma opção segura e alternativa é o uso dos autobron eadores.

Os autobronzeadores são cremes ou loções com diidroxiacetona, substância que provoca uma reação química na pele, pigmentando a camada córnea.

Não causa mal algum, a não ser a quem tenha alergia ao produto. O inconveniente é que em algumas pessoas a coloração resultante não fica muito natural; por isso, recomenda-se experimentar o produto em uma pequena parte da pele para ver se a cor é adequada e então aplicar no resto do corpo. O produto deve ser reaplicado em intervalos que variam de 2 a 5 dias para a manutenção da cor.