Mommy Burnout

O que é Puericultura

Boa parte da minha rotina de trabalho é tomada por Rotinas de Puericultura. Tecnicamente, puericultura é uma área de atuação da pediatria que acompanha o processo de desenvolvimento infantil. Analisa o processo de crescimento, o desenvolvimento físico e motor, a linguagem, a afetividade e a aprendizagem da criança.

Grosso modo, Puericultura é parecido com o trabalho do agricultor: ele provê os elementos necessários para um bom crescimento da cultura; monitora seu ritmo de crescimento; aponta deficiências no ambiente que podem interferir no potencial de crescimento da cultura; diagnostica e protege a cultura de pragas destruidoras.

Os itens da Rotina de Puericultura variam por faixa etária:

  • Avaliação do estado nutricional da criança pelos indicadores clínicos definidos pelo Ministério da Saúde;
  • Avaliação do histórico alimentar;
  • Avaliação da curva de crescimento pelos parâmetros antropométricos adotados pelo Ministério da Saúde;
  • Estado vacinal segundo o calendário oficial de vacinas do Ministério da Saúde;
  • Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor;
  • Avaliação do desempenho escolar e dos cuidados dispensados pela escola;
  • Avaliação do padrão de atividades físicas diárias conforme parâmetros recomendados pelo Ministério da Saúde;
  • Exame da capacidade visual;
  • Avaliação das condições do meio ambiente conforme roteiro do Ministério da Saúde;
  • Avaliação dos cuidados domiciliares dispensados à criança;
  • Avaliação do desenvolvimento da sexualidade;
  • Avaliação quantitativa e qualitativa do sono;
  • Avaliação da função auditiva;
  • Avaliação da saúde bucal.

Em geral, a primeira destas Rotinas de Puericultura é a que toma mais tempo.

  • Como foi a gestação? Houve intecorrências? Qual a via do parto (natural ou cesáreo)?
  • Peso, Estatura e Perímetro Cefálico ao nascimento; APGAR1;
  • Grupo Sanguíneo (da mãe e do bebê);
  • Testes de triagem neonatal: Teste da Orelhinha, Reflexo Vermelho, Teste do coraçãozinho;
  • Alimentação: Seio materno exclusivo, Fórmula Infantil exclusiva ou aleitamento misto;
  • O Exame físico (que costuma também ser bastante demorado) avalia as fontanelas, olhos, vias respiratórias, clavículas, ausculta cardíaca e pulmonar, abdome, coto umbilical, genitália externa, textura da pele, tônus muscular, sustentação do pescoço, etc...

Nesta consulta (que pode durar até uma hora), costumo ensinar as jovens mães inicialmente sobre 'a importância do aleitamento materno', a técnica mais eficaz, o tempo de duração de cada mamada e o quanto o bebê pode permanecer em jejum para não expo-lo ao risco de hipoglicemia. Esta é a etapa Alimentação da consulta.

A seguir tomo um tempo ensinando os pais sobre a importância das Atividades que devem ser realizadas na rotina diária, como massagear o abdome, 'pedalar' as perninhas para ajudar o trânsito intestinal, o contato visual e de conversar como bebê.

O terceiro tópico desta primeira consulta diz respeito ao Sono do bebê. O recém-nascido precisa dormir muitas horas. Eles moraram num 'condomínio' escuro, apertado e aquático durante 9 meses. O bebê não está acostumado com muito espaço, barulho nem com luminosidade. Além disso, é importante ressaltar sobre a importância de dormir de barriga pra cima para evitar a Síndrome da Morte Súbita do Lactente2.

Para encerrar esta primeira consulta dedico um tempo para falar sobre o bem-estar da Mãe. Por mais atuante e participativo que o companheiro seja, as primeiras semanas do recém-nascido são extremamente desgastantes para sua mãe. Por isso, minha primeira consulta termina avaliando stress materno, apoio do parceiro e suporte familiar.

Optei por estruturar esta primeira consulta da Rotina de Puericultura desta forma após ler o livro da jornalista e escritora Melinda Blau: Os Segredos de Uma Encantadora de Bebês. Neste livro (escrito para o público leigo), a autora propõe um acrônimo para sistematizar o cuidado com os pequeninos: EASY.

  • Eating (Alimentação);
  • Activity (Atividades);
  • Sleeping (Sono);
  • You (você, Mãe);

EASY significa FÁCIL em inglês. A autora não está menosprezando os desafios e dificuldade enfrentadas pelos pais - o objetivo do livro é justamente o oposto: sistematizar para facilitar e, desta forma, reduzir o stress da criança e seus cuidadores.

Este texto, em particular, vai se focar no quarto item do acrônimo de Blau: You e na chamada Síndrome de Esgotamento Materno.


Notas:

1. A escala de APGAR é um teste feito no recém-nascido logo após o nascimento que avalia seu estado geral e vitalidade, ajudando a identificar se é necessário qualquer tipo de tratamento ou cuidado médico extra após o nascimento.
Esta avaliação é feita no primeiro minuto de nascimento e é repetida novamente 5 minutos após o parto, tendo em consideração características do bebê como atividade, batimento cardíaco, cor, respiração e reflexos naturais.

2. Esta recomendação foi avaliada em um grande estudo e confirmada por Parks et al. Parks SE, Erck Lambert AB, Hauck FR, et al. Explaining Sudden Unexpected Infant Deaths, 2011-2017. Pediatrics. 2021;147(5):e2020035873

A Romantização da Maternidade

Na sociedade em que vivemos, supõe-se que o momento mais feliz na vida de uma mulher é quando ela se torna mãe. As propagandas, redes sociais e a cultura ocidental, no geral, estão aí para reafirmar essa ideia.

Os desafios e dificuldades das múltiplas funções maternas quase nunca estão em evidência, e, quando vêm à tona, uma avalanche de julgamento os acompanha. A consequência de toda essa idealização é que muitas mulheres se veem perdidas ao constatar que ser mãe não é tudo aquilo que dizem e, sem qualquer referência, precisam descobrir sozinhas o caminho desconhecido da maternidade.

Num artigo intitulado Construção Social da Maternidade Paula Penteado, psicóloga e terapeuta de família e casal escreve que No fim do século XV na Inglaterra, a falta de afeição dos ingleses em relação a suas crianças era uma atitude comum. Havia, ainda, um sentimento classificado como uma certa deselegância social em demonstrar amor demasiado aos filhos.

Nossa sociedade ainda acredita que a maternidade é um instinto. Existe uma crença cultural de que esse amor seja algo natural, que nasce com as mulheres como uma verdadeira característica feminina.

Infelizmente não é bem assim. A relação entre mãe e filho - como qualquer outra -, é uma construção que acontece de maneira gradual através de um aprendizado e não é fruto de geração espontânea e só pode ser conquistado com a convivência. A romantização passa pela ingenuidade de pensar que o bebê vai nascer, a mãe sentirá uma completude e tudo será maravilhoso, afirma Penteado.

As conversas informais ajudam a perpetuar ideia da maternidade romantizada. Nossas mães, avós e bisavós já sabiam que não era uma mar de rosas, mas foram ensinadas a esconder debaixo do tapete, arcar com tudo sozinha, porque precisavam fazer média. A televisão mostra mulheres que têm 10 filhos e constroem impérios. De fato, isso é possível, mas não é a realidade da maioria das mães. Vivemos em uma cultura de heróis, que cria e quer heróis para viver.

Recentemente fui questionado: Como as mães de antigamente davam conta criar de tantos filhos?. Meu palpite: elas simplesmente não davam conta, mas elas contavam com muitos ajudantes (neste caso, os filhos mais velhos!).

Romantizar é criar descrições fantasiosas pouco conectadas com a realidade, no que se refere à maternidade, romantizá-la é acreditar que esta será como um conto de fadas em que a mãe acaba por não ter espaço para sentir-se cansada, frustrada, com medos e dificuldades.

Ser mãe é um trabalho sem fim, não existe "bater o ponto" ou "pedir demissão". Ser mãe é um trabalho para a vida toda e ninguém nasce sabendo como ser mãe, mas também não há curso, oficina ou workshop que as ensine.

A maternidade é cansativa e exige grande responsabilidade que vai muito além do cuidar, alimentar, colocar para dormir; envolve uma preparação por inteiro e reorganização, afinal a criança ocupa muito espaço na vida dos pais e algumas necessidades pessoais acabam sendo deixadas de lado.

Winnicott pediatra e psicanalista comentara em seus escritos datados de 1988 de que a boa mãe é aquela que se conecta com seu bebê de uma forma muito particular, aonde ela decifra tipos de choros e necessidades. Segundo ele, a mãe só consegue ter esta sensibilidade se ela realmente se entrega e confia nas suas intuições e instintos. Sabemos hoje, que nem tudo é instintivo como Winnicott pregava, que sim há algo a ser dito e apreendido pela mãe. É também possível questionar esse excesso de expertise que acabam por instituir regras e protocolos rígidos a ser seguidos na relação mãe-bebê.

A romantização vem sendo desmistificada entre mulheres que desejam mostrar a maternidade real, principalmente para as pessoas com perfil perfeccionista. A recente comparação entre as mulheres com a exposição da rotina materna é o vilão da nova geração de mães. A busca pela idealização da super mãe acaba produzindo frustração quando a mulher não consegue aceitar suas limitações.

O que fazer?

Aceite e respeite o fato de que cada mãe é única, com um filho único e, acima de tudo, com uma experiência única. Colocar a maternidade em um molde, que todas devem seguir, limita essa experiência que, de uma forma ou de outra, é um momento único na vida das mulheres que escolhem vivenciá-la.

Proponho uma forma de maternar em que as mães assumam as responsabilidades por suas escolhas, vivam aquilo que escolheram por reflexão própria, e não somente as escolhas de outras pessoas, em que sejam respeitadas, valorizadas e protagonistas.


Notas:

1. Arruda, Beatriz. "O mito da Super Mãe"

2. Ciervo, Tássia. "A Romantização da Maternidade"

3. Vasconcelos, Bruna "Mãe não precisa ser perfeita: esgotamento materno atinge mulheres de todas as idades"

4. Senol DK, Yurdakul M, zkan SA. The effect of maternal fatigue on breastfeeding. Niger J Clin Pract 2019;22:1662-8.

5. Troy, Nancy Wieland PhD, RN Is the Significance of Postpartum Fatigue Being Overlooked in the Lives of Women?, MCN, The American Journal of Maternal/Child Nursing: July 2003 - Volume 28 - Issue 4 - p 252-257

O papel dos avós

Quando uma mulher descobre que está grávida, ela pode passar os 9 meses da gestação e grande parte de sua experiência como mãe, apenas reproduzindo o que ouviu da mãe, da avó, da vizinha, da amiga, da sogra, dos jornais, da televisão ou de qualquer outra fonte de informação. Mães, avós, amigas, sogras, vizinhas e outras presenças constantes em nossas vidas têm um valor inestimável e podem nos ajudar muito as jovens mães, mas devem compreender que a maioria de suas ideias vêm a partir de experiências individuais e, portanto, não devem ser generalizadas ou tomadas como universais.

Os animais não conhecem os avós e, do ponto de vista biológico, uma sobrevivência que ultrapasse a idade de procriação não oferece vantagens à espécie. Para os seres humanos, a situação é diferente, pois com a criação da cultura passa a ter importância que os adultos vivam tempo suficiente para passar informações de uma geração a outra. No entanto, quando a expectativa de vida girava em torno dos 40 anos, eram poucos os que chegavam a ter netos.


No século XIX, apenas 3% dos indivíduos ultrapassavam os 60 anos. Com o avanço da ciência, o cenário se alterou e pesquisas conduzidas em países com culturas e economias diferentes apontam que vivenciamos o século dos avós.

Para abordar inúmeros aspectos que envolvem a longa trajetória dos avós, a psicanalista Lidia Rosenberg Aratangy e o pediatra Leonardo Posternak elaboraram o Livro dos Avós: Na casa dos avós é sempre domingo? A imagem dos avós de hoje não está associada à decrepitude e dependência. Ao contrário, essa nova categoria de personagens sociais é rica em recursos a oferecer à comunidade e à família.

O nascimento de um neto oferece a oportunidade de inaugurar um novo tipo de relacionamento, mas traz também um tipo especial de responsabilidade. Não é fácil apoiar e ajudar os filhos sem oprimi-los, e é preciso levar em conta que eles têm o direito de cometer seus próprios erros para aprender.

Assim, a arte de ser avós consiste, antes de tudo, na arte de ser pais de filhos adultos, o que requer um delicado equilíbrio entre estar disponível quando necessário e não ser invasivo, pois, mesmo depois de serem pais, os filhos precisam de apoio, reconhecimento e até de proteção, ainda que às vezes tenham certa resistência para confessar.

O que fazer diante dos conflitos de opiniões?

A Bíblia reconhece o valor da sabedoria dos mais velhos:

Meu filho, preste atenção à correção de seu pai
e não deixe de lado a instrução de sua mãe.
O que aprender com eles será coroa de graça em sua cabeça
e colar de honra em seu pescoço.
Provérbios 1:8-9

No entanto, como dito anteriormente, muitas vezes essas ideias vem a partir da generalização de ideias equivocadas transmitidas entre as gerações. Por muitos anos, por exemplo, acreditava-se que as mães deveriam colocar uma moeda sobre o coto umbilical ou amarrar faixas sobre o umbigo do recém-nascido para evitar a ocorrência de hérnias umbilicais. Estas práticas podem trazer sérios riscos ao bebê. A moeda, por exemplo pode provocar uma infecção no bebê enquanto a faixa pode prejudicar a respiração (que nesta idade é predominantemente abdominal).

Quando algum familiar insistir numa destas práticas...

  • Converse com seu pediatra (talvez sua mãe ou avó tenha razão a opinião dela poderia ser bem proveitosa!);
  • Agradeça a oferta de ajuda (uma atitude de confronto poderá afastar o familiar do convívio com o bebê;
  • Quando houver alguma divergência de opinião converse primeiro com seu companheiro(a) e só depois com os avós - isto vai evitar discussões intermináveis sobre quem tem razão;

Notas:

1. Jornal do Brasil "Na casa dos avós é sempre domingo?"

2. Portal da Família "Livro dos Avós"

Burnout materno

A Síndrome de Burnout, na literatura médica, compõe um quadro de natureza ocupacional, relacionado à atividade profissional, com três características muito marcadas: esgotamento físico e mental, sensação de reduzida realização pessoal e transformação da personalidade com indiferença e menos empatia.

Esse diagnóstico foi descrito em 1974 por Freudenberger, um médico americano. Não é propriamente uma doença, mas um estado de esgotamento profissional e se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso, como profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada.

A correlação do Burnout profissional com o materno foi estudada nas últimas décadas pela psicóloga belga Mora Mikolajczak, cuja pesquisa verificou alto nível de estresse, semelhante ao vivido no universo corporativo, entre mulheres e homens quando questionados sobre suas tarefas como mães e pais.

O Burnout materno é uma exaustão em que a mãe não consegue cumprir as atividades de rotina e seu comportamento fica alterado. A síndrome geralmente acomete mães perfeccionistas que, juntando toda a rotina diária, acabam ficando irritadas, sem interesse em cuidar das crianças, com pensamentos negativos e falta de motivação.


Infelizmente, em alguns casos o burnout parental leva à negligência no cuidado do filho - justamente porque o pai ou a mãe não aguentam mais a carga sobre eles. E em último grau, pode ocorrer até violência (verbal e física) com o pequeno porque simplesmente perderam o controle, em função do cansaço.

Mora Mikolajczak e Isabelle Roskam da Universidade de Louvain, na Bélgica detectaram que, entre dois mil pais avaliados (entre mulheres e homens), 12% sofriam sintomas de burnout parental.

Sheryl Ziegler, psicóloga americana, em seu livro Mommy Burnout (ainda sem título em português) identifica pelo menos 7 gatilhos específicos que indicam burnout (esgotamento) materno.

  • Perguntar-se por que faz o que faz e por que não sente mais alegria com o próprio trabalho ou com atividades das quais gostava até há pouco tempo.
  • Questionar a relação custo-benefício das atividades que desenvolve. Será que seu salário está valendo a carga de estresse a que está sendo submetida?
  • Questionar o que vai ser daqui a alguns anos, quando estiver mais madura, pois, mesmo hoje, ainda não se sente segura em relação ao próprio futuro e em relação aos objetivos de vida.
  • Acreditar que o tempo para realizar os sonhos está se esgotando e não saber que caminho seguir, tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal.
  • Estar em casa com os filhos e pensar que poderia estar trabalhando e vice-versa.
  • Questionar o sentido da vida constantemente. Acreditar que, se mudar radicalmente de vida, terá mais clareza em relação a isso.
  • Ter um sonho secreto. Pode ser, por exemplo, escrever um livro, fazer uma pós-graduação (mestrado/doutorado), voltar a treinar em uma academia (ou começar), mas se dar conta de que é tarde demais para realizar qualquer um desses projetos.

Não há um perfil típico. Qualquer mãe, independentemente de condição familiar ou classe social, está sujeita a desenvolver o problema. Não há uma predominância de casos, por exemplo, entre as mães de primeira viagem - mesmo aquelas mais experientes podem ser afetadas em determinados momentos.

  • sentimento constante de culpa: se qualquer coisa foge do controle, a mãe exausta puxa toda a responsabilidade para si;
  • pessimismo: incapacidade de ver as coisas sob outro ponto de vista, reclama constantemente dos problemas e tende a adotar uma postura até mau-humorada;
  • exaustão: cansaço físico e mental que não passa apenas com uma noite de sono, uma sensação de peso nas costas, de problemas demais para resolver;
  • sentimento de fracasso e de impotência: por mais que faça muitas coisas e resolva diversos problemas, a mãe com burnout se acha incompetente e incapacitada de lidar com todas as responsabilidades que tomou para si;
  • descompensações físicas: problemas hormonais, pressão alta, diabetes, desmaios, anemia, diarreia, vários problemas físicos sem explicação aparente.

Ziegler afirma que são altamente destrutivos o estresse e a carga de culpa que as mães carregam por não fazerem mais pelos seus filhos. Sobrecarregadas por inúmeras responsabilidades que parecem não ter fim, as mães vivem além de um limite tolerável de esgotamento. E se deparam com a sensação de fracasso, o isolamento, as dúvidas e a falta de um olhar cuidadoso a si própria, o que muitas vezes comprometem o relacionamento familiar.

Alguns dos sinais de Burnout materno envolvem irritação, cansaço, tristeza, afastamento, isolamento, baixa autoestima, não cumprimento de tarefas diárias, sejam elas simples ou complexas, despersonalização e desmotivação. Esse comportamento não afeta somente a mãe, mas também a criança.

Vale ressaltar que é possível prevenir o surgimento de sintomas atribuídos à Síndrome de Burnout materno, desde o momento do planejamento da gravidez ou durante a gestação, por meio da consciência sobre as reais atividades maternas futuras.

Valorize-se

Cuidar de um bebê pode ser um trabalho muito mais cansativo que um cargo administrativo no escritório, por exemplo. No entanto, ao contrário do trabalho secular, a mãe não corre o risco de ser 'demitida', 'rebaixada' ou 'perder o cargo' em função de seu desempenho. Cuidar da casa e dos filhos é um trabalho e deve ser visto e respeitado como tal.

Defina Prioridades

Escolha as batalhas que você quer enfrentar. Será que vale a pena entrar em atrito para que tudo saia como você espera o tempo todo? Será que vale a pena ficar brigando com os filhos o tempo todo?

Rede de apoio

Pode ser que você não concorde completamente com a maneira como sua mãe ou sua sogra trata seus filhos. Pode ser que você não confie muito em outras pessoas para ficar com seu bebê para você. Mas você não precisa criar um ringue de batalha cada vez que surge alguma divergência!

Aceitar diferenças que existem entre você e as outras pessoas é importante para criar uma rede de pessoas que possam te dar uma força quando você mais precisar.

Reconhecer as expectativas e fantasias acerca da maternidade. Respeitar o seu tempo e possibilidades. Abraçar os seus limites e medos. Aprenda a RIR dos próprios erros! Você não está falhando, pelo contrário, você está aprendendo

Lide com a culpa e com o sentimento de fracasso

O fato de estar passando por um momento delicado assim não quer dizer que você é fraca, que não aguentou o baque nem nada disso. Existe uma ilusão que faz muitas pessoas sofrerem: a ilusão de poder controlar tudo.

Liberte-se da autocobrança

A mesma facilidade que devemos ter para compreender e perdoas as outras pessoas, temos que ter com a gente mesma. Seja mais benevolente consigo mesma, acolha suas dores, simpatize com as suas angústias.

Pare de pensar no que os outros acham de você. Deixa que eles se preocupem com isso. Você deve se preocupar em estar de bem com a vida.

Filtre suas Redes Sociais

Afaste-se de pessoas muito críticas, fuja das palpiteiras que colocam defeito em tudo que você faz. Não se isole, mas também não supervalorize as críticas!

Cuide-se

Pinte o cabelo, faça as unhas, vá passear num lugar cheio de natureza, enfim, faça algo por você. Você merece e precisa. Você não precisa ser nem a "mulher-maravilha" mas também não precisa se transformar na "mulher-mulambo"!

Além do acúmulo de funções como mãe, esposa, dona de casa... Eu não consigo me desligar, nem para tomar um café. Quando a bebê dorme, me sinto na obrigação de vigiar o seu sono, pois tenho a sensação de que se eu sair de perto, ou dormir um sono profundo, algo ruim acontece. Às vezes percebo que passei 2, 3 dias sem ao menos pentear o cabelo. Os banhos são sempre corridos. A sensação que tenho é que vivo 24 horas do meu dia completamente no modo acelerada. Aí quando me dou conta, o choro de exaustão vem sem controle algum. Choro por não conseguir vivenciar a felicidade de ser mãe no meu dia a dia. Fabiola Maria Moreira, 35 anos

Existe diferença de Mommy burnout para Depressão?

  • o burnout é um estado depressivo temporário, já a depressão é constante;
  • o burnout está relacionado à vida materna, mais diretamente, enquanto que a depressão está envolvida à todas as esferas da vida;
  • o burnout causa uma culpa real, explicável, a depressão por outro lado, cria uma culpa fora do normal, irreal.

Notas:

1. "Burnout materno: sintomas e como atenuar a exaustão"

2. "Mommy Burnout - Esgotamento Crônico Materno. Entenda!"

3. Padua, Mila "4 dicas para driblar o cansaço materno"

4. "Burnout parental: quando o esgotamento dos pais vira problema"

5. Meeussen L and Van Laar C (2018) Feeling Pressure to Be a Perfect Mother Relates to Parental Burnout and Career Ambitions. Front. Psychol. 9:2113. doi: 10.3389/fpsyg.2018.02113

6. Di Lorenzo, Juliana "Esgotamento Materno: e quando tudo parece pesado demais?"

7. Sonsin, Juliana Burnout Materno - O esgotamento mental e físico da maternidade"

8. "Mommy burnout: 3 causas de esgotamento + 9 dicas para tratar"

9. "O que é a síndrome de burnout materno e como identificá-la"

10. "Burnout Materno: "Choro por não conseguir vivenciar a felicidade de ser mãe no meu dia a dia", diz mãe"

11. Henderson J, Alderdice F, Redshaw MFactors associated with maternal postpartum fatigue: an observationalstudyBMJ Open 2019;9:e025927. doi: 10.1136/bmjopen-2018-025927

12. Wilson, N., Wynter, K., Fisher, J. et al. Related but different: distinguishing postpartum depression and fatigue among women seeking help for unsettled infant behaviours. BMC Psychiatry 18, 309 (2018). https://doi.org/10.1186/s12888-018-1892-7

13. Senol DK, Yurdakul M, Ozkan SA. The effect of maternal fatigue on breastfeeding. Niger J Clin Pract. 2019 Dec;22(12):1662-1668. doi: 10.4103/njcp.njcp_576_18. PMID: 31793471.

14. Iwata H, Mori E, Sakajo A, Aoki K, Maehara K, Tamakoshi K. Course of maternal fatigue and its associated factors during the first 6 months postpartum: a prospective cohort study. Nurs Open. 2018 Feb 21;5(2):186-196. doi: 10.1002/nop2.130. PMID: 29599994; PMCID: PMC5867289.