Puericultura e Doenças Transmissíveis

Mais de 25 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos frequentam instituições para o cuidado de crianças nos Estados Unidos. Essas instituições podem incluir algum tipo de cuidado fora do domicílio de forma rotineira, como num berçário, numa pré-escola ou num programa diário integral tanto numa creche quanto no domicílio de uma outra pessoa. Independentemente da idade à admissão, as crianças que frequentam unidades de cuidados diários demonstram maior propensão a infecções. A exposição a grupos maiores de crianças aumenta a probabilidade de uma criança vir a adoecer.
As doenças infecciosas em crianças em creches e em seus contatos ocorrem em vários padrões diferentes. Em muitas infecções virais as crianças se mostram contagiosas em torno de 2-3 dias antes de os sintomas da doença se instalarem. As doenças mais comumente associadas ao cuidado de crianças são infecções do trato respiratório e diarreia.

Síndromes Clínicas ou Condições que Requerem Precauções Empíricas Baseadas na Transmissão Além das Precauções Padrão Enquanto se Aguarda a Confirmação do Diagnóstico*
SÍNDROME CLÍNICA OU CONDIÇÃO† PATÓGENOS POTENCIAIS‡ PRECAUÇÕES EMPÍRICAS (SEMPRE INCLUEM PRECAUÇÕES PADRÃO)
DIARREIA
Diarreia aguda de causa infecciosa provável em um paciente com incontinência ou em uso de fraldas Patógenos entéricos§ Precauções de contato (pediátricos e adultos)
Meningite Neisseria meningitidis Precauções de gotículas nas primeiras 24h da terapia antimicrobiana; máscara e proteção facial para entubação
Enterovírus Precauções de contato para lactentes e crianças
Mycobacterium tuberculosis Precauções aéreas em caso de infiltrado pulmonar
Precauções aéreas mais precauções de contato na presença de drenagem de líquido corporal potencialmente infeccioso
ERUPÇÃO CUTÂNEA OU EXANTEMAS, GENERALIZADOS, ETIOLOGIA NÃO CONHECIDA
Petequial/equimótica com febre (geral) Neisseria meningitidis Precauções de gotículas nas primeiras 24h da terapia antimicrobiana
Em caso de história positiva de viagem a uma área com um surto corrente de febre hemorrágica (VHF) nos 10 dias anteriores ao aparecimento da febre Vírus Ebola, Lassa, Marburg Precauções de gotículas mais precauções de contato, com proteção facial/ocular, enfatizando-se precauções de segurança quanto a objetos pontiagudos e precauções de barreira caso haja a possibilidade de exposição ao sangue. Usar máscara N95 ou outras precauções respiratórias se estiver indicada a realização de procedimentos que possam gerar aerossóis
Vesicular Vírus varicela-zóster, herpes simplex, varíola, vaccínia
Precauções aéreas mais precauções de contato
Vírus vaccínia Precauções de contato em caso de probabilidade de vírus herpes simples, zóster localizado num hospedeiro imunocompetente ou vírus vaccínia
Maculopapular com tosse, coriza e febre Vírus de rubéola (sarampo) Precauções aéreas
INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS
Tosse/febre/infiltrado em um lobo pulmonar superior em um paciente HIV negativo ou em um paciente com baixo risco de infecção pelo vírus de imunodeficiência humana (HIV) M. tuberculosis, vírus respiratórios, Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus (MSSA ou MRSA) Precauções aéreas mais precauções de contato
Tosse/febre/infiltrado pulmonar em qualquer área do pulmão em um paciente infectado pelo HIV ou em um paciente com alto risco de infecção pelo HIV M. tuberculosis, vírus respiratórios, S. pneumoniae, S. aureus (MSSA ou MRSA) Precauções aéreas mais precauções de contato
Usar proteção facial/ocular no caso de realização de procedimentos geradores de aerossóis ou de expectativa de contato com secreções respiratórias
Caso a tuberculose seja improvável e não se disponha de AIIR e/ou de respiradores, utilizar precauções de gotículas em vez de precauções aéreas
Tuberculose é mais provável em indivíduos infectados pelo HIV do que em indivíduos HIV negativos
Tosse/febre/infiltrado pulmonar em qualquer área do pulmão em um paciente com história de viagem recente (10-21 dias) a países com surtos ativos de SARS, gripe aviária M. tuberculosis, síndrome respiratória aguda grave por vírus (SARS-CoV), gripe aviária Precauções aéreas mais precauções de contato mais proteção ocular
Caso SARS e tuberculose sejam improváveis, utilizar precauções de gotículas em vez de precauções aéreas
Infecções respiratórias, especialmente bronquiolites e pneumonias, em lactentes e em crianças pequenas Vírus sincicial respiratório, vírus parainfluenza, adenovírus, vírus influenza, metapneumovírus humano Precauções de contato mais precauções de gotículas; as precauções de gotículas podem ser suspensas depois que se afastar adenovírus e influenza
INFECÇÕES DE PELE OU DE FERIDAS
Abscessos ou feridas drenando secreções que não possam ser cobertos S. aureus (MSSA ou MRSA), estreptococos do grupo A Precauções de contato
Adicionar precauções de gotículas nas primeiras 24h da terapia antimicrobiana apropriada caso se suspeite de doença invasiva por estreptococos do grupo A

Adaptado de Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L, and the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee 2007 Guidelines for isolation precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. Centers for Disease Control and Prevention. Tabela 2. Disponível em http://www.cdc.gov/hicpac/2007/2007ip_table2.html.
AIIR, quartos para isolamento de infecções transmitidas por via aérea; MRSA. Staphylococcus aureus resistentes a meticilina; MSSA, Staphylococcus aureus suscetíveis a meticilina; SARS, síndrome respiratória aguda grave; SARS-CoV, síndrome respiratória aguda grave associada a coronavírus; VHF, febre hemorrágica viral.
* Os profissionais responsáveis pelo controle de infecções devem modificar ou adaptar a tabela de acordo com as condições locais. Para assegurar que sejam sempre implementadas precauções empíricas apropriadas, os hospitais devem dispor de sistemas efetivos para avaliar rotineiramente os pacientes, de acordo com esses critérios, como parte de seu cuidado pré-admissão e durante a admissão.
† Pacientes apresentando as síndromes e as condições citadas na tabela podem manifestar inicialmente sinais ou sintomas atípicos (p. ex., neonatos e adultos com coqueluche podem não apresentar tosse paroxística ou intensa). O grau de suspeita do médico deve ser guiado pela presença de condições específicas na comunidade, assim como pelo julgamento clínico
‡ Os organismos mencionados na coluna “Patógenos Potenciais” não visam a representar o diagnóstico completo, nem mesmo o mais provável, mas sim agentes etiológicos possíveis que requerem precauções adicionais além das Precauções Padrão até que possam ser afastados.
§ Esses patógenos incluem Escherichia coli O157:H7 entero-hemorrágica, Shigella sp., vírus de hepatite A, norovírus, rotavírus, Clostridium difficile.

Doenças Infeciosas em Centros de Cuidado de Crianças
DOENÇA INCIDÊNCIA AUMENTADA NO CENTRO DE CUIDADO DE CRIANÇAS
INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO
Otite média Sim
Sinusite Provavelmente
Faringite Provavelmente
Pneumonia Sim
INFECÇÕES DO TRATO GASTROINTESTINAL
Diarreia (rotavírus, calicivírus, astrovírus, adenovírus entéricos, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Shigella, Escherichia coli O157:H7 e Clostridium difficile) Sim
Hepatite A Sim
DOENÇAS DE PELE
Impetigo Provavelmente
Escabiose Provavelmente
Pediculose Provavelmente
Tinea Provavelmente
INFECÇÕES BACTERIANAS INVASIVAS
Haemophilus influenzae tipo b Não*
Neisseria meningitidis Provavelmente
Streptococcus pneumoniae Sim
MENINGITE ASSÉPTICA
Enterovírus Provavelmente
INFECÇÕES POR HERPES VÍRUS
Citomegalovírus Sim
Vírus varicela zóster Sim
Vírus herpes simplex Provavelmente
INFECÇÕES TRANSMITIDAS PELO SANGUE
Hepatite B Poucos relatos de casos
HIV Nenhum caso relatado
Hepatite C Nenhum caso relatado
DOENÇAS PASSÍVEIS DE PREVENÇÃO POR VACINAS
Sarampo, caxumba, rubéola, difteria, coqueluche, tétano Não estabelecida
Pólio Não
H. influenzae tipo b Não*
Varicela Sim
Rotavírus Sim