Tô apertado

Bexiga Hiperativa

A Bexiga Hiperativa é o tipo mais comum de disfunção do trato urinário inferior nas crianças. As Disfunções da Bexiga, também conhecida como disfunção miccional descrevem anormalidades no enchimento e/ou esvaziamento da bexiga. É um problema comum em crianças e constitui até 40% das consultas em clínicas de urologia pediátrica.

Não é incomum os pais procurarem serviços de pronto-atendimento com queixa de seu filho (a) urinar a cada poucos minutos, em pequena quantidade, mesmo com exame de urina normal.

O termo Bexiga Hiperativa é utilizado para descrever uma situação caracteriada pelo aumento na frequência miccional (urinar mais vezes do que o normal) e urgência miccional (sensação de urgência ao perceber a vontade de urinar). Refere-se a um sintoma caraterizado por urgência e aumento na frequência miccional diurna e noturna.

É caracterizada por uma vontade desesperada de urinar, ou seja, quando a bexiga parece simplesmente ignorar a capacidade natural da pessoa de postergar (adiar) a micção (ou o ato de urinar). Sentir urgência de vez em quando, como explicamos acima, é normal. Mas sentir urgência todos os dias, ou durante um dia inteiro não é. Estas situações podem acometer crianças, idosos, mulheres, homens e todas as pessoas de qualquer idade, e todas elas têm tratamento.

Como funciona o processo normal a micção?

A bexiga é basicamente um órgão oco revestido por uma camada muscular chamada de músculo detrusor. Esse músculo é inervado e controlado por fibras nervosas que vêm da medula espinhal. O músculo detrusor relaxa para acomodar a urina nos momentos em que a bexiga está enchendo, e contrai-se, de forma a expulsar a urina, quando a bexiga está cheia.

Quando a bexiga está em processo de enchimento, o sistema nervoso central envia sinais para que o músculo detrusor relaxe e permita acomodar a urina sem que haja relevante aumento de pressão dentro da bexiga. Uma bexiga normal consegue acomodar facilmente cerca de 500 a 600 ml de urina. Ao atingir 350-400ml, o aumento da pressão nas paredes da bexiga estimula o envio de sinais para que o sistema nervoso reconheça um aumento de volume e desencadeie a vontade de urinar.

Neste momento, você sente vontade de urinar, mas, caso deseje, consegue segurar a urina por algum tempo. O ato de urinar, portanto, é uma ação voluntária, que, respeitando-se alguns limites, só ocorre quando nós decidimos.

O problema está nos receptores da bexiga. Em pacientes normais, ao se encher a bexiga envia ao cérebro a informação de que precisa se contrair para eliminar a urina acumulada. Nos pacientes com bexiga hiperativa o cérebro recebe um aviso que a bexiga está cheia mesmo que ainda não esteja. Quando ela se contrai, não há muita urina acumulada e essa situação se repete ao longo do dia.

Instabilidade do Detrusor

O detrusor encontra-se em uma região específica da bexiga urinária e é responsável pela contração da bexiga durante o ato de urinar. Ele tem pode ser controlado voluntariamente ou de maneira autônoma (devido a suas inervações específicas).

Em condições normais o detrusor não se contrai durante a fase de enchimento da bexiga. No entanto, em condições anormais, podem haver contrações do detrusor durante a fase de enchimento! O sintoma mais característico é a dificuldade de suprimir ou postergar o desejo miccional, ou seja, a dificuldade em esperar para urinar.

É comum acontecer a perda de urina no caminho para o banheiro, por causa do desejo urgente de urinar.

Alguns hábitos que podem ser indicativos de uma disfunção miccional:

  • Necessidade urgente e incontrolável de urinar - urgência miccional;
  • Sensação de bexiga cheia, mesmo depois de ir ao banheiro - esvaziamento incompleto;
  • Urina menos de 3 vezes ao dia - baixa frequência miccional;
  • Constipação intestinal associado a perdas de urina durante o dia - incontinência urinária;
  • Urina na cama depois dos 5 anos - enurese;
  • Perda fezes na roupa - encoprese ou soiling;
  • Ainda apresenta perdas de urina durante o dia, mesmo depois do treinamento de desfralde.

Tratamentos

O tratamento da bexiga hiperativa é dividido em 3 modalidades: 1. terapia comportamental, 2. medicamentos e 3. cirurgia. A escolha do modo mais adequado de tratamento para cada paciente depende da intensidade dos seus sintomas e do quanto o quadro interfere na sua qualidade de vida.

Eliminar da dieta alimentos que possam estimular o músculo detrusor costuma ser eficaz em alguns casos. Entre as substâncias que devem ser evitadas, podemos citar: cafeína, álcool, bebidas cítricas e gaseificadas, alimentos muito condimentados, nozes, chocolate, alimentos ricos em potássio e refrigerantes.

A obesidade também é um fator de risco para bexiga hiperativa e deve ser tratado adequadamente. Além disso, outro fatores são considerados 'gatilhos' para bexiga hiperativa:

  • Estresse/Ansiedade;
  • Ser exposto ao frio extremo;
  • Infecção na bexiga;
  • Uretra inflamada;
  • Gravidez, pois isso causa a ocorrência de alterações hormonais;
  • Menopausa, quando o revestimento da bexiga muda devido à falta de hormônios.