Você é fraco o bastante?

Senhor, quero tanto fazer
coisas grandes para ti.

Gostaria tanto
de fazer um grande gesto,
fazer algo realmente espetacular.
Algo grande.

Mas não me pedes
que eu faça coisas assim.

Pedes que eu faça
as coisas pequenas e insignificantes
que constituem a minha vida diária.

Não me pedes
que eu faça
algo grande e glorioso;
apenas que eu faça o que devo fazer.

Não me pedes
que eu faça algo realmente espetacular;
apenas que eu ame o próximo.

Não me pedes
que eu faça algo
absolutamente estupendo;
apenas a rotina,
os afazeres, entra dia e sai dia,
de uma mulher em atividade.

Senhor, quando sinto
que o que estou fazendo
é insignificante
e sem importância,
ajuda-me a lembrar
que tudo o que eu faço
é significativo
e importante
a teus olhos,
porque tu me amas
e me pões aqui,
e ninguém mais
pode fazer
o que eu estou fazendo
exatamente como faço.

E, Senhor,
acredito que seria melhor te agradecer
por não pedires nada
extraordinário de mim.

Quando penso seriamente a esse respeito,
não sei na verdade
se estaria à altura.

Obrigado, Senhor,
por conheceres minhas habilidades e aptidões.

Há alguns anos, em Atlantic City, Nova Jersey, Francis MacNutt compartilhou em um testemunho de sua vida. Após ter recebido o batismo do Espírito Santo em um encontro do Camps Farthest Out [Acampamentos afastados para retiros], orou com um grupo de anciãos pedindo discernimento a respeito de qual seria seu papel na Igreja. A mente de Francis voou longe. (Estou parafraseando bem precariamente a história.) Profeta? Um ministro da cura, como a falecida Kathryn Kuhlmann? Um Billy Graham católico para evangelizar o mundo? Talvez Deus tivesse algo ainda mais grandioso em mente: uma liderança apostólica — bispo, cardeal?

“Mal posso dizer quão decepcionado fiquei”, disse Francis, “quando o discernimento revelou que meu papel na igreja era ser um homem amoroso! Mas isso é tudo?”

Sim, aquilo era tudo. E o ministério de cura mais poderoso da Igreja Católica americana amadureceu porque um ministro de cura é alguém que ama.

Por fim, há um ministério a favor do próprio Deus. Por mais estranho que isso soe, o ministério de louvar a bondade de Deus, sua sabedoria e amor em momentos de dor e angústia é uma linda expressão da fé em ação, uma expressão viva da confiança de que “Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Rm 8:28, grifo nosso).

Que paradoxo: a força do sacerdócio reside precisamente na fraqueza de nossa humanidade e é por ela canalizada. Por quê? Por duas razões, acredito. A fraqueza nos põe profundamente em contato com as pessoas a quem servimos; permite que sintamos junto com elas as circunstâncias humanas em que vivem, a luta e a escuridão humana e a angústia que clama por salvação. Além disso, a fraqueza nos põe em contato profundo com Deus, porque fornece a arena em que seu poder pode se mover e se revelar; seu poder é manifesto na fraqueza.

MANNING Convite a Solitude