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Zeitgeist (parte 2) - restaurando o adorador

Você sabe o que significa Zeitgeist? Zeitgeist é um termo alemão cuja tradução significa espírito da época, espírito do tempo. Trata-se, em suma, do momentum intelectual e cultural do mundo, numa determinada época ou geração - as características genéricas de um determinado período de tempo.

Guarde bem a informação acima, porque ela será útil para compreender a reflexão bíblica que faremos abaixo. Um grande amigo, fazendo um trocadilho com esse termo escreveu que infelizmente tem muito pouco Espírito nesta nossa época. E de fato, veremos que esta é uma afirmação bem bíblica.

Malaquias 1: 6-14

6 "O filho honra seu pai, e o servo, o seu senhor. Se eu sou pai, onde está a honra que me é devida? Se eu sou senhor, onde está o temor que me devem?", pergunta o Senhor dos Exércitos a vocês, sacerdotes. "São vocês que desprezam o meu nome! "Mas vocês perguntam: 'De que maneira temos desprezado o teu nome?'
7 "Trazendo comida impura ao meu altar! "E mesmo assim ainda perguntam: 'De que maneira te desonramos?' "Ao dizerem que a mesa do Senhor é desprezível.
8 "Na hora de trazerem animais cegos para sacrificar, vocês não vêem mal algum. Na hora de trazerem animais aleijados e doentes como oferta, também não vêem mal algum. Tentem oferecê-los de presente ao governador! Será que ele se agradará de vocês? Será que os atenderá?", pergunta o Senhor dos Exércitos.
9 "E agora, sacerdotes, tentem apaziguar Deus para que tenha compaixão de nós! Será que com esse tipo de oferta ele os atenderá?", pergunta o Senhor dos Exércitos.
10 "Ah, se um de vocês fechasse as portas do templo! Assim ao menos não acenderiam o fogo do meu altar inutilmente. Não tenho prazer em vocês", diz o Senhor dos Exércitos, "e não aceitarei as suas ofertas.
11 Pois do oriente ao ocidente, grande é o meu nome entre as nações. Em toda parte incenso é queimado e ofertas puras são trazidas ao meu nome, porque grande é o meu nome entre as nações", diz o Senhor dos Exércitos.
12 "Mas vocês o profanam ao dizerem que a mesa do Senhor é imunda e que a sua comida é desprezível.
13 E ainda dizem: 'Que canseira!' e riem dela com desprezo", diz o Senhor dos Exércitos. "Quando vocês trazem animais roubados, aleijados e doentes e os oferecem em sacrifício, deveria eu aceitá-los de suas mãos?", pergunta o Senhor.
14 "Maldito seja o enganador que, tendo no rebanho um macho sem defeito, promete oferecê-lo e depois sacrifica para mim um animal defeituoso", diz o Senhor dos Exércitos; "pois eu sou um grande rei, e o meu nome é temido entre as nações."

Relembrando...

A série de filmes As Crônicas de Nárnia da produtora Walden Pictures levou para as telas do cinema a série de sete livros escritos por C.S. Lewis entre 1949 e 1954. No universo de Nárnia criado por Lewis, encontramos vários elementos que remetem a acontecimentos bíblicos. O mais célebre entre estes elementos é a comparação entre o personagem Aslam e a pessoa de Jesus. Na trama, Aslam é um poderoso leão - Jesus é chamado de Leão da Tribo de Judá em Apocalipse 5.5. Ele está presente do início ao fim da história, desde a criação até a consumação do mundo de Nárnia. Além disso, é intrigante a passagem em que Aslam diz: "Também sou conhecido no seu mundo, mas por outro nome". Completando que era necessário conhecê-lo no mundo real, pois era possível se relacionar com ele.

No primeiro filme (o primeiro livro que foi lançado) - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupas -, quatro irmãos londrinos - Pedro, Suzana, Edmundo e Lucy Pevensie - conhecem Nárnia pela primeira vez. Edmundo, o terceiro - e mais inquieto - irmão, logo se encanta com uma mulher sedutora chamada Rainha Branca. Trata-se de uma mulher encantadora, aristocrática, que rapidamente seduz Edmundo com uma promessa de satisfazer todos os seus desejos. Edmundo rapidamente se entrega à Rainha e descobre que suas promessas não passam de enganos. Ele se torna prisioneiro e descobre que a rainha era na verdade uma feiticeira: a Feiticeira Branca - uma mulher muito má que escravizou toda terra de Nárnia.

Os outros três irmãos Pevensie partem, então, numa jornada para resgatar Edmundo da prisão da Feiticeira, e nesta jornada conhecem Aslam - o poderoso Leão - que lidera um exército que se prepara para lutar contra a Feiticeira. Aslam se dispõe a resgatar Edmundo, porém existe um preço a ser pago. Edmundo havia se comprometido com a Feiticeira. Seria uma traição romper o compromisso. O Leão voluntariamente se oferece para dar sua vida em troca da de Edmundo. A Feiticeira celebra. Numa noite de trevas, o poderoso Leão voluntariamente sobe no monte, deita-se na mesa de pedra e é morto pela Feiticeira branca. Todos os narnianos se entristecem - acabou a esperança.

Três dias depois Suzana e Lucy estão curiosas para saber o que aconteceu ao corpo de Aslam e sorrateiramente, pela madrugada, se dirigem ao monte onde ele foi morto. Ao chegar lá elas se deparam com a mesa de pedra despedaçada. O corpo do Leão não estava lá. Aslam havia retornado dos mortos. As irmãs Suzana e Lucy ficam surpresas, mas ele logo explica: se uma vítima voluntária, inocente de traição, fosse executada no lugar de um traidor, a mesa estalaria e a própria morte começaria a andar para trás... (Cap. 15 do livro) O Leão ressurreto, então, parte com seu exército, derrota a Feiticeira Branca, esmaga sua cabeça e liberta Nárnia de seu domínio. A Feiticeira já não é mais rainha.

De acordo com Lewis: "toda a história de Nárnia se refere a Cristo". Cada narniano está livre agora para escolher entre Aslam e a Feiticeira. A Feiticeira não é mais uma presença encarnada. Nem Aslam. Após cumprir sua missão, a presença do Leão deveria ser invocada - ele estaria visível, mas apenas para aqueles que cressem.

Nárnia e o público de Malaquias

O público que ouviu a profecia de Malaquias era composto por pessoas que tinham vivido no exílio Babilônico, sob a influência direta da Rainha Babilônia. Após o fim do cativeiro, Deus os trouxe de volta - uma espécie de novo êxodo - para a terra prometida. Sob a direção de Neemias os muros da cidade foram reconstruídos - a ideia de trabalho comunitário estava restaurada; sob a direção de Esdras o povo ouviu a leitura da Lei de Deus e se alegrou celebrando a festa dos tabernáculos - a ideia comunitária de religião estava restaurada.

Malaquias, que profetizou mais ou menos nesta época, começa seu sermão com a seguinte afirmação: 1 Uma advertência: a palavra do Senhor contra Israel, por meio de Malaquias. Observe com atenção: trata-se de (1) uma palavra de Deus - uma advertência; (2) contra o povo de Deus.

O pathos divino revelado na palavra de Malaquias é muito sério: Para que a restauração do povo de Deus prosseguisse era preciso restaurar a figura do adorador. A mensagem deste profeta enfatiza que é impossível oferecer um sacrifício aceitável simplesmente conduzindo um ritual exterior. A disposição interior do adorador é tão importante quando conduzir o sacrifício de acordo com a liturgia levítica.

Malaquias enfatiza o que Samuel já havia dito ao rei Saul: Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. (1Samuel 15:22). O profeta Miquéias também faz usa a mesma retórica:

6 Com que eu poderia comparecer diante do Senhor
e curvar-me perante o Deus exaltado?
Deveria oferecer holocaustos
de bezerros de um ano?

7 Ficaria o Senhor satisfeito com milhares de carneiros,
com dez mil ribeiros de azeite?
Devo oferecer o meu filho mais velho por causa da minha transgressão,
o fruto do meu corpo por causa do pecado que eu cometi?

8 Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom
e o que o Senhor exige:
pratique a justiça, ame a fidelidade
e ande humildemente
com o seu Deus. Miquéias 6:6-8

Na advertência de Malaquias, o povo deveria reconhecer que o Zeitgeist babilônico - a influência da Feiticeira branca - precisava ser derrotado. Eles pensavam que era possível oferecer um culto a Deus sem estar pessoalmente comprometido com Ele. Eles pensavam que o Deus de Abraão era uma divindade cuja ira precisava ser acalmada a qualquer custo e por isso estavam prestando oferendas sem prestar culto.

Como deveria ser o culto?

O manual litúrgico do povo judeu - o Livro de Levítico - nos apresenta pelo menos cinco tipos de sacrifícios. Dois deles - a Oferta pelo Pecado e a Oferta pela Culpa - eram obrigatórios e estavam relacionados ao perdão dos pecados e a reconciliação com Deus - um termo em inglês que sumariza estes dois sacrifícios é atonement: at-one-ment que significa fazer um, reconciliar.

Os outros três sacrifícios - O Holocausto, a Oferta de Cereais, e a Oferta de paz - eram sacrifícios voluntários. Não eram uma obrigação; deveriam fluir livremente de um coração agradecido.

O Holocausto era uma oferta completamente queimada no altar e apontava para a necessidade de uma entrega total a Deus. A Oferta de Cereais - também conhecida como holocausto do pobre - era uma oferta completamente consumida - parte pelo fogo do altar e parte numa refeição comunitária consumida com os vizinhos e os sacerdotes. Nela era oferecido flor de farinha, azeite e incenso, simbolizando a Soberania de Deus sobre o trabalho - todos desfrutam seus benefícios (o fogo, simbolizando que Deus estava presente na refeição, os sacerdotes, e o povo). Na Oferta de Paz várias elementos podiam ser ofertados. Exteriormente havia pouca diferença com a Oferta de Cereais, porém seu objetivo era celebrar a (1) paz com Deus - o fato do Deus todo-poderoso ter vindo ao nosso encontro e estar disposto a se relacionar conosco; e a (2) paz de Deus - o fato que a nossa reconciliação com Deus nos capacita a restaurar nosso relacionamentos uns com os outros.

Todos os cinco tipos de sacrifícios apontam para a Cruz de Cristo e são úteis para nosso ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra. (2Tm 3:16-17)

Como o culto estava corrompido?

A denúncia de Malaquias é muito séria. O que o profeta diz é que as pessoas estavam vivendo uma religiosidade somente ritual, e desta forma eles estavam desprezando o nome do Senhor (cf. Ml 2:2b vocês não me honram de coração). Era adoração sem adorador. A adoração que não custa nada não significa nada. A adoração barata leva a uma experiência barata, superficial e reduzida do Deus vivo.

O culto estava corrompido porque o adorador estava corrompido. Não havia intimidade com Deus para celebrar. Consequentemente, o coração não compreendia o por que da excelência que Deus exigia dos sacrifícios. A ideia por trás dos sacrifícios estava no desejo de agradar a Deus com uma oferta proveniente de um coração totalmente dedicado e agradecido.

Mas o rei [Davi] respondeu a Araúna: "Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não oferecerei ao Senhor, o meu Deus, holocaustos que não me custem nada. 2 Samuel 24:24

O povo estava fazendo tudo errado, mas achava que estava fazendo tudo certo! Eles se surpreendem com a denúncia de Malaquias: De que maneira temos desprezado o teu nome?

Se o culto no Antigo Testamento (representado pelos cinco sacrifícios) aponta para a Cruz de Cristo, podemos fazer a seguinte reflexão para nós nos dias atuais: De que maneira desprezamos o sacrifício de Cristo?

  • Quando pensamos e agimos como se não precisássemos dele - profanar o nome de Deus (v.12) é trata-lo com desdém, como se Deus fosse apenas uma parte da nossa vida.

  • Quando tentamos nos aproximar de Deus por outra via senão através do sangue de Jesus - Deus não reduziu a exigência de perfeição para nos aceitar em Sua presença. O único modo, porém, de sermos reconciliados, é através do sangue de Jesus.

Não era permitido que o adorador colocasse a oferta no altar. Era preciso a mediação do sacerdote. Jesus é nosso sumo sacerdote. Sua morte na cruz é o sacrifício perfeito que O qualifica como Sumo Sacerdote.

  • Quando não confessamos nossos pecados - A resposta dos sacerdotes (De que maneira temos desprezado o teu nome?) pode até representar uma questionamento de quem quer acertar, porém no contexto de Malaquias trata-se de uma pergunta de afronta.

  • Quando tentamos modificar a mensagem evangélica do Cristo crucificado (1Co 1:23). Não é possível diminuir o significado do sofrimento de Jesus na Cruz. Nossa salvação custou um preço muito alto.

  • Quando deixamos de comparecer ao Santo dos santos - à presença de Deus em plena certeza de fé através da oração (Hb 10:19-22). O Sacrifício de Jesus nos deu a oportunidade de entrar onde ninguém mais poderia entrar: O Santo dos Santos. Quando abrimos mão da vida de comunhão com Deus - através da oração e leitura da Palavra, nós desprezamos esta oportunidade maravilhosa de estar com Deus.

  • Quando pensamos que Deus precisa da nossa adoração. Jesus faz uma revelação aterradora à mulher samaritana em relação à adoração. Jesus diz à mulher que Deus está em busca de adoradores. (cf. João 4:23b São estes os adoradores que o Pai procura.) Deus não precisa da nossa adoração - observe o v.11 de Malaquias 1 - Deus é soberano sobre toda criação. Ele não precisa da nossa adoração porque toda criação celebra a Glória de Deus! Deus está em busca de adoradores!

Como responder à advertência?

  • A morte de Jesus representa o sacrifício perfeito para perdão do nosso pecado e reconciliação com Deus.

    • Você já confiou sua vida à Jesus?

  • Perdoados, temos a oportunidade de trazer ofertas voluntárias a Deus

    • Através de uma entrega total  O paradigma dos Holocaustos

    • Sem acepção de ninguém  O paradigma da Oferta de Cereais

    • Celebrando a paz de/com Deus  O paradigma da Oferta de Paz